O Eminente Sheikh Camilodine Rossana Abdul Magide Badrú (1965-2011)
Os grandes homens com as suas obras não podem caber em mentes pequenas como as nossas. Pior do que isso, as palavras que usamos para retrarar a realidade sobre eles, retiradas da mente, são ou se tornam limitadas para descrever-los. Na obrigação de nos fazer transmissores de parte do caracter e feitos do grande home que foi o Eminente Sheikh Camilodine Badrú, somos confrontados com esta dura realidade - a nossa incapacidade de encontrar termos apropriados e suficientes para fazer chegar a verdade sobre ele.
Filho da bela pérola do Indico e natural da província de Inhambane, o Sheikh Camilodine concluiu os seus estudos primários em 1977 na então Escola Primária Paiva Manso (actualmente Alto Maé), curso de Mecânica Auto na escola Industrial 1º de Maio em 1982 e o seu Instituto em 1985. O Sheikh prosseguiu com o estudo da Mecânica na faculdade de Engenharia da Universidade Eduardo Mondlane, de 1986, vindo a abandonar em 1988 rumo a Arábia Saudita onde faz o curso de Sharia (traduzido por Direito Islâmico) na Universidade de Madina, cidade do mesmo nome, concluindo em 1994. Em 1999 recebe o Diploma Geral de Estudos Islâmicos com o Instituto superior de Lideres e Pregadores na Cidade de Meca (BADRU, 2010).
Após conclusão dos seus estudos, o Sheikh Camiludine dedicou todo o seu esforço na divulgação e ensino do Isslam, traduzindo obras das ciências Islâmicas do Arabe para português (destacando “O Equilíbrio na Crença” de Dr. Muhammad Al-Zuheil), escrevendo artigos para o jornal islâmico Al-Falah, lencionando a lingua árabe e outras disciplinas do Isslam, palestrando e dirigindo diversas actividades de benefício da comunidade pelo país. De tudo que fez na sua vida, a academia dominava as suas paixões. Como diz o Sheikh Muhammad Cassimo Givá “O Sheikh era um investigador incansável, que pautava pela procura da verdade. Suas obras tinham marcos claros de neutralidade científica ao abordar questões de controvérsia”. Na introdução da tradução do livro “O Equilíbrio na Crença” (2003), o Sheikh Camiludine escreve “se por ventura encontrar algo que contraria o texto original, saiba que isso provém do satanás e de mim mesmo [porque] sou fraco por natureza e a minha alma é propensa ao mal, se por ventura achar que a tradução está confirmada com o texto original então saiba que isso provêm de Allah o meu criador e de toda a humanidade [porque] Ele concede a sua dádiva a quem Ele quizer.” A sua paixão pela academia atribui-lhe o dote de eloquência na escrita. “Quando jovens, estudantes na Universidade... em Madina, muitas vezes recorremos a ele para pedir que nos escrevesse frases bonitas a usar em correspondências... ele era [na verdade] o nosso auxiliar na melhoria das nossas correspondências” conta o Sheikh Givá. “Escrevia numa linguagem directa, simples e portanto compreensível para a maioria dos que tivessem acesso aos seus escritos...” acrescenta o Sheikh Abdul Carimo Nordine Sau.
Enfrentou muitas dificuldades quer na família, no emprego e no círculo social, mas nunca desistiu de manter a sua personalidade. “Foi uma pessoa simples e de fácil acesso sempre que precisassemos, apesar de ser dominado por um carácter solitário... não se metia onde não fosse chamado, o que pode provar, mais uma vez o seu amor por algo diferente [a literatura neste caso]... homem de conversas sérias e que dedicava pouco tempo para conversas banais... [de facto] quando se entrasse em grupos com conversas banais era bastante normal ele se manter em silêncio.” Comenta o sheikh Givá.
“Entregou toda a sua juventude ao estudo e ensino do Isslam, tendo sacrificado, nisso a sua carreira [Engenharia Mecânica] mesmo que em estágio avançado. Homem humilde, exemplo raro que vivia a sua realidade e não ilusões. O Sheikh, muitas vezes por falta de dinheiro de chapa caminhava distâncias para cumprir com os seus comprimissos de dar aulas mesmo sem remuneração”, comenta o Sheikh Abdul Carimo.
Em resumo, para além da paixão pela academia, o amor pela sua família, entre outros o Sheikh Camiludine se define na “humildade, sinceridade, paciência, firmeza e dedicação” (Badru, 2003). O Sheikh deixa uma esposa (Antuia) de 31 anos, dois filhos (Shureime e Abdul Wariss) de 6 anos e 11 meses, respectivamente. Em vida o Sheikh mencionou ter obras de sua autoria por se publicar, tendo partilhado rascunhos de algumas destas no círculo dos amigos. Não reunimos, no entanto de dados quantitativos sobre as mesmas.
Em memória e homenagem ao Sheikh:
João Arnaldo Vembane
(Aluno e amigo)
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