O Empoderamento Económica de Mulheres e Homens com Deficiências: Um Desafios que cabe a Tod@s Membr@s da Sociedade!
Comecemos por recordar que uma mulher ou um
homem pobre ou incapacitado na nossa sociedade constitui uma terrível mancha
para todo o tecido. Sim, no mínimo deve se esperar que estamos diante de uma
potencial fonte de conflitos, para não descartar o peso da vida para essa mesma
pessoa. Em 2004, a Organização Mundica da Saúde (OMS), a agência das Nações
Unidas para a Educação (UNESCO) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT)
observam que, "há uma forte correlação entre a deficiência e a pobreza”. Sendo
que, segunda estas instituições “a pobreza leva ao aumento da deficiência e
incapacidade, o que por sua vez leva a um aumento da pobreza. " De acordo
com o Departamento (do Reino Unido) para o Desenvolvimento Internacional (DFID,
2000), 50% das deficiências são evitáveis e estão directamente ligadas à
pobreza.
Em Moçambique, onde muito provavelmente as
mulheres e homens com deficiência perfazem mais de 15% dos seus habitantes
segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde, essa situação se verifica.
O Ministério do Género Criança e Acção Social (MGCAS, 2012) nota que a taxa
bruta de desemprego é mais alta nas pessoas com deficiência (39%) em relação ao
resto da população (9%). Explica ainda MGCAS (2012) que as pessoas com
deificiência enfrentam constrangimentos económicos e de infra-estruturas
adaptáveis e adequadas para participarem da vida social e benecificarem de
serviços básicos. Estes factos nos levam a concluir que as mulheres e homens
com deficiências formam o grupo dos mais pobres dos pobres e vulneráveis dos
vulneráveis.
Vale a pena frisar que a expressão pessoa
com deficiência é aplicada aqui para referir a qualquer pessoa que
vivencie uma deficiência continuamente. Diferentemente do termo pessoa
deficiente que é considerado, com razão, inadequado por vários
especialistas sociais e em especial pelos próprios indivíduos a quem se refira,
pois traz consigo uma carga negativa depreciativa da pessoa. Muitos,
entretanto, consideram que essa tendência politicamente correta tende a levar
as pessoas com deficiência a uma negação de sua própria situação e a sociedade
ao não respeito da diferença. Porém, vale a pena ainda recordar que o que está
em causa, para além da mera semântica é o facto de se tratar de uma pessoa
antes da deficiência. Ademais, hoje está percebido que a deficiência também
precisa de ser entendida num contexto de interacção das limitações dos
indivíduos (mulheres e homens com deficiências) com o meio social em que se
encontram, ou seja em relação às barreiras construídas socialmente,
politicamente, tecnológico-tecnicamente e económicamente.
No ano de 2000, os Estados-Membros da Organização
das Nações Unidas (ONU) definiram os Objectivos do Desenvolvimento do Milênio,
em que a erradicação da pobreza estava no topo da agenda. Entretanto, verifica-se
que o efeito da pobreza nas mulheres e homens com deficiências é incrivelmente
enorme e devastador e merece uma atenção especial. Narayan e Petesch (2002),
observam que "a pobreza viola fundamental direitos humanos das PCD,
privando-os das necessidades básicas de vida, incluindo, saúde, educação, água
potável, comida, abrigo e vestuário, incluindo meios de subsistência. "
Em 1999 os Estados-membros da União
Africana, corajosamente declararam a Década Africa para as Pessoas com
deficiências (de 2000 a 2009) depois extendida mais uma década. Não se tratando
apenas de uma medida político-discursiva, avançaram ainda com objectivos e
planos concretos que culminaram com o estabelecimento de planos de
implementação por cada país. O principal objectivo desta medida era “favorecer
a iqualização de oportunidades, a total participação e independência” das
mulheres e homens com deficiências, em suma estabelecer condições conducentes a
sua inclusão. Uma das principais estratégias para atingir essa inclusão das
pessoas com deficiência passava pelo seu empoderamento.
Helander (1993), definiu o empoderamento
como "um processo contínuo, que permite que um indivíduo possa cumprir e
prestar contas relativamente aos seus deveres e responsabilidades e proteger os
seus direitos na sociedade. parte do processo é fornecer as pessoas com os
recursos, oportunidades, o conhecimento e habilidade necessária para aumentar a
sua capacidade para determinar o seu próprio futuro e participar plenamente na
vida comunitária." O empoderamento das mulheres e homens com deficiências,
portanto, consistiria em oferecer-lhes uma variedade de oportunidades para se
auto-descobrirem, compreenderem seu ambiente, estarem cientes dos seus direitos
e assumirem o controle de suas vidas e, assim como participarem na tomada de
decisões importantes que afectem suas vidas.
O artigo 23 (1) da Declaração Universal dos
Direitos Humanos afirma que "Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre
escolha de emprego, a justas e favoráveis condições de trabalho e à proteção
contra o desemprego "(ONU, 1948). Pelo contrário, a OIT estima que o
"Taxa de desemprego entre PCDs (Pessoas Com Deficiências) no mundo em
desenvolvimento é um esmagador problema - até 80% em alguns países "(OIT,
2003). Caswell (2003), observa que: mesmo onde "existe legislação para o
sistema de quota favorecendo o emprego de PCDs, infelizmente, esta legislação é
ou sub-utilizada ou não aplicada ".
Moçambique, sendo parte dos signatários da
declaração da Década Africana para as pessoas com deficiências, aderiu
efectivamente a iniciativa em 2006, com a elaboração do primeiro Plano Nacional
para o Área da Deficiência (PNAD 2006-2009) até a actualidade com o Segundo
plano (PNAD 2012-2019). Mas antes disso, o país já havia avançado muito
corajosamento com o estabelecimento consititucional dos direitos das pessoas
com deficiência com a Constituição da República de Moçambique (CRM 2004), nos
seus artigos 35, 37 e 125 com significativo detalhe.
No PNAD II, dos três objectivos gerais
estabelecidos os dois primeiros almejam a “plena participação, igualdade e
empoderamento” das mulheres e homens com deficiência. Indo mais ao detalhe, é
bem visível a preocupação com o necessidade de empoderar económicamente as
pessoas com deficiência logo nas primeiras quantro áreas de intervenção da
longa lista descrita ao detalhe no documento: “1) Orientação vocacional e
formação profissional; 2) Educação básica e alfabetização de jovens e adultos;
3) Acesso ao Emprego; e 4) Segurança Social Básica (Redução da pobreza)”.
Mesmo com estes mais estabelecimentos legais
e políticos claros, o empoderamento económico das mulheres e homens com
deficiência ainda não se verifica no país. As pessoas com deficiência ainda
vivem de caridade, sem emprego e inibidas de participarem activamente da vida
em sociedade. Só para ilustrar, são poucas as novas construções, incluindo
obras públicas que tem tomado em conta o direito de acesso às mulheres e homens
com deficiências. Não só nas obras, mas como em um conjunto de serviços
providenciados pelo Estado Moçambicano que são inacessíveis físico e
socialmente.
O empoderamento econômico das mulheres e
homens com deficiências é muito crucial para contribuir no elevar do seu
estatuto. No entanto, isso não pode ser alcançado sem o envolvimento e
participação de todas as partes interessadas: o governo, os membros da
comunidade, o mercado de trabalho e as próprias pessoas com deficiência. As
organizações de pessoas com deficiência e todos actores que que operam nesta
área devem sair dos seus apposentos e começar a desafiar a sociedade cada vez
pluralizada com os avanços das tecnologias.
É urgentemente necessário aumentar a
sensibilização do público sobre as questões da deficiência e direitos de mulheres
e homens com deficiências. Além disso, a inovação e um maior apoio para a
integração económica e, bem como a implementação de planos e programas
realistas. É preciso orientação para se alcançar o empoderamento bem sucedido
de mulheres e homens com deficiências. É preciso ser inclusivamente inclusivo a
tod@s mebro@s da sociedade na actuação para alcançar a inclusão das mulheres e
homens com deficiências.
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