O nosso ponto de partida é a percepção de que existe uma confusão a que nos submetemos sempre que queremos emitir uma opinião crítica sobre o MDM, como um partido político. E esta confusão resulta da nossa dificuldade em poder seprar dois fenómenos distintos: 1) A afirmação de Davis Simango como uma figura destacável e, portanto incontornável na arena política. Com a sua afirmação, a quando das últimas eleições autárquicas, abre-se um novo horizonte na visão sobre a política para boa parte dos moçambicanos – que já perdiam a confiança e motivação em questões da política. A arena deixa de ser preto ou branco (falso dilema), mas que existem outras possibilidades a muito não relveladas no clima construido pelas maiores facções de desde o início. De facto, se deixa claro, numa situação em que as tendências demonstram uma crescente desistência dos moçambicanos pela política (com a redução da sua participação nas urnas), que se pode voltar a confiar e contribuir para o desenvolvimento da política criando terceiras forças capazes de pelo menos mudar o comportamento dos actores que dominam a esfera. 2) A transformação, na mesma altura, de um movimento da sociedade civil em um partido político que ganhou forças com a associação de Davis Simango a agremiação, construiu uma percepção de que esta seja produto deste homem figura de destaque. Assim, o Movimento Democrático de Moçambique, é directamente associado a figura de Simango e, portanto a sua destanciação do partido a que pertencia.
Portanto a associação de Simango ao partido MDM, afastado do seu partido original (RENAMO), torna o novo o partido uma criação de Simango. Desta forma qualquer acção e/comportamento de Simango passa a ser do MDM e vice-versa.
Mas será isso verdade?
Verdades sobre os seres sociais são dificeis de apurar, mas podemos trazer hipóteses para uma análise conjunta e discussão ao quanto possível. As nossas hipóteses serão de que: 1) O MDM é um partido criado por Simango, como forma de se afirmar, em conjunto com outras figuras frustradas do sistema estabelecido, na arena política e vingar-se dos dissabores que enfrentaram nas suas afiliações pre-MDM. 2) O MDM tem uma existência independente da figura de Simango, mas aproveitou-se da afirmação deste para encontrar um espaço na arena política.
Na primeira hipótese várias questões podem ser levantadas, dentre as quais: quando realmente terá sido criado o MDM? se o Davis teria tido tempo suficiente para formar um partido político no verdadeiro sentido, da sua disvinculação da RENAMO? como terá o Simango angariado os apoios necessários para formar um partido político em tempo recorde? será que o Davis é tão ambicioso para formar um partido e em tão pouco tempo querer concorrer a eleições presidenciais?
Como já mencionamos, é difícil encontrar respostas claras para estas perguntas, mas podemos apurar uma clara falta de integridade com a sua agremiação anterior, ter formado o MDM as suas costas e, por consequência ele teria sido o memntor da confusão que se instalou no partido que resultou na sua separação.
Para a segunda hipótese (MDM partido formado independente do Davis), outras questões podem ser levantadas, dentre estas: o que então motivou a formação do MDM?; como se explica então que o Davis vem a ser o líder do partido logo com a sua associção? Como se explica que as divergências que correm nestes dias tenham o Davis uma das figuras sonantes?
Questões sobre o social são sempre complexas e, por isso não explicáveis em simples respostas, mas podemos propor algumas apra permitir pelo menos o arranque de um debate. Visto que com a sua formação, regista-se uma deserção significativa dos membros do então partido de Davis, O MDM pode ser mais uma estratégia de enfraquecimento daquela formação política, tal como já se assistiu no passado (na formação do partido de Raul Domingos). Mas por outro lado pode se assumir que os membros sonantes do partido viram uma oportunidade de assegurar a reforma ao conseguir assentos no parlamento e, assim como beneficiar de jogadas políticas ao apoiar este ou aquele posicionamento, já que os seus partidos de origem não lhes ofereciam espaço para satisfazer as suas vontades. A liderança de Davis no partido logo após sua associação é explicada justamente na necessidade deste partido encontrar uma forma de se afirmar na arena política, uma vez que Davis já havia conquistado o seu espaço na confiança do público. Somos todos testemunhas que Davis é um homem de significativa maturidade em questões de natureza política. Ele se envolve na liderança com o conhecimento dos direitos que a posição lhe confere, o que terá frustrado aos que viam no MDM uma oportunidade de apenas fazer benefícios aproveitando-se da imagem de Davis.
Em conclusão
Com certa limitação, chegamos a conclusão de que parece fazer mais sentido afirmar que o Movimento Democrático de Moçambique foi formado independente da figura do Davis Simango e das suas divergências com o seu partido anterior. Por isso O MDM precisa de ser visto como um partido político independente da figura de Davis Simango, sendo este apenas um membro como tantos outros. Mas com isso não se descartando a possibilidade de a popularidade e carisma de Davis ter servido de incentivo para o crescimento e conquistas deste movimento.
Com a acietação deste ponto de vista, não fica ainda bem clara a motivação que ditou a criação do movimento e, aqui se encontra um espaço de sombra que carece de uma análise mais minuciosa. Isto implica ir ao fundo de todo o processo e os actores principais que criaram o movimento, fora as figuras que hoje aparecem a carregar o nome do partido, que não se assume categoricamente a sua total exclusão.
O aparecimento do MDM, fortalecido pela figura do Davis Simango, de certa maneira trouce uma confiança ao processo de fortalecimento da democracia, uma vez que acredita-se na ideia de que um governo com oposição forte tende a ser mais responsável e portanto mais preocupado com as demandas das massas. No entanto, olhando para o outro lado da moeda, em que a participação política é um indicador muito forte para medir o crescimento da democracia vamos notar que mesmo com o MDM este indicador não mostrou nenhum incremento. Mesmo com o MDM a aderência as urnas manteve-se na sua tendência de decair, o que pode nos levar re-afirmar que nada trouce se não a sub-divisão do que já existia.
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